Ataques de drones atingem mais três campos de petróleo no Curdistão iraquiano
Drones carregados com explosivos atingiram três campos de petróleo na região autônoma do Curdistão, no Iraque, na manhã de quarta-feira, ampliando uma campanha de ataques aéreos que já dura uma semana e que paralisou a infraestrutura de energia e interrompeu a produção de petróleo bruto em até 150.000 barris por dia.
Os ataques coordenados marcam uma escalada em uma série de ataques não reivindicados que têm como alvo a principal fonte econômica da região, em meio ao aumento das tensões entre as autoridades curdas e Bagdá sobre as receitas do petróleo.
Novos Ataques Têm como Alvo Operações na Noruega e nos EUA
Os ataques mais recentes começaram às 6h, horário local, quando dois drones atingiram o campo de petróleo de Peshkabir, operado pela empresa norueguesa DNO ASA, no distrito de Zakho. Um terceiro drone atingiu o campo Tawke da DNO uma hora depois, seguido de outro ataque a uma instalação operada pela empresa americana Hunt Oil na província de Dohuk.
Segundo os serviços de contraterrorismo do Curdistão, os ataques causaram danos materiais, mas não deixaram vítimas. A DNO confirmou que havia “suspendido temporariamente” as operações após explosões envolvendo “um pequeno tanque de armazenamento em Tawke e equipamentos de processamento de superfície em Peshkabir”.
Os ataques ocorreram um dia após um ataque de drone forçar a empresa americana HKN Energy a interromper as operações no campo de petróleo de Sarsang, poucas horas antes de a empresa assinar um acordo de desenvolvimento com o ministério do petróleo do Iraque para outro campo.
Semana de Ataques em Escalada
Cinco campos de petróleo foram alvo na região do Curdistão em uma semana. Na segunda-feira, dois drones atingiram o campo petrolífero de Khurmala, enquanto outro foi interceptado próximo ao Aeroporto Internacional de Erbil, que abriga tropas dos EUA.
O ministério dos recursos naturais do Governo Regional do Curdistão condenou os ataques como “ataques terroristas” projetados para “desestabilizar a economia da Região do Curdistão e ameaçar a segurança dos funcionários civis”. O primeiro-ministro iraquiano Mohammed Shia al-Sudani pediu uma investigação imediata, alertando que “a natureza dos ataques indica intenção maliciosa”.
Tensões Regionais e Contexto Político
Embora nenhum grupo tenha assumido a responsabilidade, autoridades curdas já acusaram anteriormente as Forças de Mobilização Popular, apoiadas pelo Irã, de conduzirem ataques semelhantes, alegações rejeitadas por Bagdá por falta de evidências. Os ataques ocorrem em meio ao aumento das tensões entre o Governo Regional do Curdistão e o governo central do Iraque sobre receitas de exportação de petróleo e disputas contratuais.
Um importante oleoduto de exportação para a Turquia permanece fechado desde 2023 devido a disputas legais, forçando os produtores curdos a recorrerem ao transporte rodoviário e às vendas locais a preços fortemente descontados. A embaixada dos EUA em Bagdá denunciou os ataques como “inaceitáveis” e instou as autoridades iraquianas a impedirem que grupos armados ataquem a infraestrutura de energia.
Por que isso importa
A segmentação sistemática da infraestrutura petrolífera do Curdistão ameaça a segurança energética do Iraque e a estabilidade regional. Com uma redução de 150.000 barris na produção diária, os ataques prejudicam os mercados globais de petróleo e aumentam as tensões entre as autoridades curdas e Bagdá em relação às receitas de exportação.