Trump autoriza US$ 30 milhões para polêmico grupo de ajuda em Gaza
O governo Trump autorizou na terça-feira um financiamento de US$ 30 milhões para um grupo controverso apoiado por Israel que distribui ajuda humanitária em Gaza, marcando o primeiro apoio conhecido do governo dos EUA às operações da organização em meio a intensa crítica internacional.
A Fundação Humanitária de Gaza tem enfrentado forte oposição das Nações Unidas e de grandes organizações humanitárias desde o início de suas operações no final de maio, com críticos alegando que se trata de uma violação dos princípios humanitários que resultou em violência mortal nos locais de distribuição.
Detalhes de Financiamento e Operações
Um funcionário dos EUA confirmou a autorização de financiamento para a Fundação Humanitária de Gaza, conhecida como GHF, que, segundo a Associated Press, havia solicitado ao governo Trump para continuar suas operações de ajuda. O pedido de financiamento foi processado com pouca da revisão e auditoria normalmente exigidas para concessões de assistência estrangeira, de acordo com dois funcionários que falaram sob anonimato.
A fundação projeta um orçamento mensal de US$ 150 milhões assim que seus atuais pontos de ajuda estiverem totalmente operacionais, o que equivale a US$ 1,8 bilhão por ano. Em documentos que apoiam seu pedido, a GHF afirmou ter recebido quase US$ 119 milhões para as operações de maio de “outros doadores governamentais”, sem fornecer detalhes.
A GHF diz ter distribuído milhões de refeições desde o início das operações, com o presidente executivo Johnnie Moore dizendo à Fox News que os habitantes de Gaza têm “agradecido especificamente ao presidente Trump” pela ajuda. O grupo opera quatro pontos de distribuição no sul de Gaza, protegidos por contratados americanos privados e supervisionados pelo exército israelense.
Críticas Internacionais e Violência
As Nações Unidas se recusaram a cooperar com a GHF, com autoridades argumentando que a fundação carece da imparcialidade, neutralidade e independência exigidas para esforços humanitários legítimos. O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, chamou a operação de “uma abominação” e “uma armadilha mortal que custa mais vidas do que salva”.
O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, relatou 79 pessoas mortas nas últimas 24 horas, com 51 mortes ocorrendo perto dos locais da GHF. Testemunhas descrevem forças israelenses abrindo fogo contra multidões que buscavam ajuda, embora o exército israelense negue alvejar civis e afirme que dispara tiros de advertência ou mira em “suspeitos” que ignoram os avisos.
Contexto Estratégico
Israel estabeleceu a GHF como parte de um plano para tomar o controle da distribuição de ajuda das mãos da ONU, que, segundo alega, foi infiltrada pelo Hamas. Os locais fixos da fundação no sul de Gaza estão alinhados com o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de concentrar a população de Gaza no sul, liberando Israel para combater o Hamas em outras áreas.
Trabalhadores humanitários temem que o sistema represente um passo em direção ao objetivo declarado de Netanyahu de remover os palestinos de Gaza por meio de migrações “voluntárias” que organizações de direitos humanos afirmam equivaler a partidas forçadas.
“O povo de Gaza precisa desesperadamente de mais ajuda e estamos prontos para fazer parcerias com outros grupos humanitários para expandir nosso alcance àqueles que mais precisam de ajuda”, disse John Acree, diretor executivo interino da GHF.
Por que isso importa
Este financiamento marca uma mudança significativa na política de ajuda dos EUA para Gaza, contornando os canais humanitários tradicionais e potencialmente estabelecendo um precedente para a distribuição politizada de ajuda, o que pode agravar as vítimas civis e minar o direito humanitário internacional.