WeTransfer revisa termos após reação negativa sobre direitos de conteúdo de IA
O serviço de compartilhamento de arquivos WeTransfer enfrentou recentemente uma reação significativa após atualizar seus termos e condições com uma linguagem que parecia conceder à empresa direitos extensivos sobre o conteúdo dos usuários, incluindo para fins de treinamento de IA, levando a empresa a revisar as cláusulas controversas e esclarecer que não “usa aprendizado de máquina ou qualquer forma de IA para processar conteúdo.”
Controvérsia sobre Moderação de Conteúdo
A controvérsia concentrou-se especificamente na linguagem que concedia ao WeTransfer uma “licença livre de royalties” para usar o conteúdo enviado para “melhorar o desempenho de modelos de aprendizado de máquina” destinados à moderação de conteúdo.
Após protestos de usuários, especialmente de profissionais criativos preocupados com direitos de propriedade intelectual, o WeTransfer esclareceu que a cláusula tinha como único objetivo “incluir a possibilidade de usar IA para melhorar a moderação de conteúdo” e identificar conteúdos prejudiciais no futuro.
A empresa, subsequentemente, revisou seus termos para remover referências explícitas à IA, alterando a redação para conceder a licença “para usar seu Conteúdo com a finalidade de operar, desenvolver e melhorar o Serviço.”
Esse incidente segue um padrão semelhante ao de controvérsias enfrentadas por outras plataformas de compartilhamento de arquivos como o Dropbox, evidenciando a crescente sensibilidade dos usuários em relação à IA e aos direitos sobre dados.
Reversão dos Termos de Serviço
O clamor generalizado em relação à atualização dos termos do WeTransfer em julho de 2025 acabou levando a uma reversão significativa da posição da empresa.
Após a reação negativa, o WeTransfer modificou seus termos para remover todas as referências à inteligência artificial, mantendo uma “licença livre de royalties” para usar o conteúdo enviado exclusivamente “para fins de operação, desenvolvimento e aprimoramento do Serviço.”
Apesar dessa revisão, a empresa prosseguiu com a implementação dos termos atualizados em 8 de agosto de 2025, conforme planejado originalmente.
Os termos de serviço do WeTransfer detalham políticas específicas de reembolso que os usuários devem conhecer.
De acordo com a política, os usuários têm o direito de cancelar assinaturas dentro dos primeiros 14 dias após o pagamento para terem direito ao reembolso. Para assinantes do site, o WeTransfer oferece uma ferramenta de autoatendimento para reembolso, embora esta não ofereça suporte para pagamentos via SEPA ou iDeal, que exigem contato direto com o suporte.
A prática padrão da empresa é que o cancelamento de assinaturas permite o acesso contínuo até o final do período pago atual, sem reembolsos proporcionais, a menos que exigido por leis locais de proteção ao consumidor.
Implicações dos Direitos de Propriedade Intelectual
A controvérsia destacou preocupações significativas em relação à propriedade intelectual para os usuários do WeTransfer, especialmente profissionais criativos que utilizam rotineiramente o serviço para compartilhar trabalhos sensíveis.
Muitos usuários temiam que seu conteúdo proprietário pudesse ser usado sem consentimento explícito para o desenvolvimento de IA ou monetização, com artistas e atores expressando suas preocupações em plataformas de mídia social.
Os termos originais incluíam uma cláusula sobre a criação de “obras derivadas” e a transferência de direitos para terceiros de forma indefinida, o que era especialmente problemático para quem compartilhava trabalhos em andamento ou materiais de clientes cobertos por acordos de confidencialidade.
Este incidente reflete tensões mais amplas na indústria criativa em relação aos dados de treinamento de IA. Como observou o Escritório de Direitos Autorais dos EUA em um relatório de maio de 2025, o uso de obras protegidas por direitos autorais para o treinamento de IA apresenta desafios significativos, com preocupações de que exigir licenciamento prejudicaria o avanço tecnológico, enquanto o treinamento não licenciado potencialmente ameaça os direitos dos criadores.
A experiência do WeTransfer espelha controvérsias semelhantes enfrentadas por outras plataformas, ilustrando a crescente conscientização e preocupação entre os usuários sobre como sua propriedade intelectual pode ser usada no desenvolvimento de tecnologias de IA.
Por que isso importa
Esta controvérsia sinaliza um ponto de inflexão na forma como as empresas de tecnologia abordam os direitos sobre dados de treinamento de IA, potencialmente estabelecendo precedentes para exigências de consentimento dos usuários e forçando as plataformas a serem mais transparentes sobre as políticas de uso de conteúdo.